O Brasil deve atingir antes
do fim do prazo a meta de reduzir em 84% o desmatamento, principal fonte das
emissões de gases de efeito estufa no país, disse hoje (28) o secretário
nacional de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental, Carlos Klink. Sem informar
ano exato, ele disse que o país chegará antes de 2020 a um patamar inferior a 4
mil quilômetros desmatados por ano, compromisso estabelecido na Conferência do
Clima de Copenhague, em 2009.
"No ano passado, já
chegamos a 4,5 mil quilômetros quadrados de desmatamento. Temos que atingir 4
mil e manter, que é muito importante. Mas nossa meta continua sendo a de nos
reportarmos às Nações Unidas em 2020", declarou Klink, que participou da
abertura do 7º Fórum Latino-Americano de Carbono.
De acordo com Klink, a
queda do desmatamento corresponde a 60% da redução de emissões brasileiras, que
precisam cair entre 36% e 39% até 2020. Para o secretário, o impacto também
será global. "Como um estudo que saiu da Rio+20 aponta, vai haver um
déficit de emissões em 2020, e nós vamos cobrir metade desse déficit com a
nossa redução. O Brasil está dando uma contribuição global e quer ser
reconhecido e valorizado por isso".
Apesar disso, Klink
reconhece que em alguns setores vêm ocorrendo aumento de emissões, que já eram
previstas. "Alguns setores cresceram suas emissões, mas isso não se
compara às emissões reduzidas no desmatamento. Isso não significa que não
tenhamos que prestar atenção nisso. A agricultura e energia, principalmente,
são os que dão uma subidinha. Por isso, temos planos setoriais específicos para
indústria, energia e principalmente agricultura".
Em um ano em que as usinas
termelétricas foram a solução para as condições climáticas desfavoráveis às
hidrelétricas e em que usinas a carvão entraram com peso nos leilões de geração
de eletricidade para os próximos anos, o secretário não nega que essas são
preocupações e diz que é preciso debater a questão da energia com a sociedade.
"Pelo lado das emissões, é claro que isso é uma preocupação, mas, se a
intenção é manter uma matriz energética diversificada, é um debate que o país
tem que fazer. Por um lado, não estamos permitindo a construção de
hidrelétricas, e temos que oferecer energia".
Com redução do desmatamento
concentrada principalmente na Amazônia, a secretaria trabalha agora para lançar
o monitoramento sistemático do desmatamento no Cerrado. "Estamos
financiando com o Fundo da Amazônia outros países da América Latina para que
façam o monitoramento com tecnologia nossa. Estamos monitorando o Cerrado, e lá
o desmatamento também caiu, mas estamos mais atrasados. A Caatinga também tem
preocupado, mas caminha para a redução", disse, acrescentando que o uso da
vegetação como lenha e empreendimentos empresariais são a principal ameaça ao
último bioma.
Fonte: Agência
Brasil