Um plano de ligar o Mar
Vermelho com o Mar Morto pode salvar este último da evaporação total e levar
água dessalinizada a bairros com pouco abastecimento em Israel, Jordânia e
Palestina.
Mas ambientalistas alertam
que o projeto “Vermelho-Morto” pode ter consequências terríveis, alterando a
química particular do lago de água salgada que fica no ponto mais baixo da
Terra.
O primeiro ministro da
Jordânia, Abdullah Nsur, disse nesta segunda (26) que seu governo havia
decidido seguir em frente com o projeto de US$ 980 milhões de dólares, que
daria à Jordânia 100 milhões de metros cúbicos de água por ano.
“O governo aprovou o
projeto depois de anos de estudos técnicos, políticos, econômicos e
geológicos”, disse Nsur em conferência para a imprensa. De acordo com o plano,
a Jordânia vai retirar água do Golfo de Aqaba, no norte do Mar Vermelho, para
um local onde será construída uma usina de dessalinização, que será usada para
tratar a água.
“A água dessalinizada vai
para o sul para (a cidade jordaniana de) Aqaba, enquanto a água salgada será
bombeada para o Mar Morto”, disse Nsur. O Mar Morto, que tem a água mais
salgada do mundo, está em vias de secar até o ano de 2050.
Ele começou a encolher na
década de 1960, quando Israel, Jordânia e Síria começaram a desviar água do Rio
Jordão, seu principal afluente. O nível do Mar Morto tem diminuído, em média,
um metro por ano. De acordo com a informação mais recente, o nível está em
427,13 metros abaixo do nível do mar, 27 metros mais baixo do que em 1977.
O plano prevê que a maior
parte da água dessalinizada vá para a Jordânia, com quantidades menores sendo
transferidas para Israel e para a Autoridade Palestina.
Mas grupos ambientais têm
pedido para que os três parceiros desistam do projeto para proteger o meio
ambiente. A principal preocupação, segundo eles, é que um grande aporte de água
do Mar Vermelho possa mudar radicalmente o ecossistema frágil do Mar Morto.
O ministério israelense de
proteção ambiental diz que estudos feitos até agora deixam uma “grande
incerteza” e pede que o plano seja aplicado em uma escala menor para testar se
o projeto dará certo.
Para palestinos, o projeto
em conjunto implica questões políticas, como Israel permitir que eles
desenvolvam parte da costa que fica em uma área ocupada por Israel. “Nós
gostaríamos de fazer parte desse projeto cooperativo”, disse Shaddad Al-Attili,
chefe da Autoridade Palestina de Águas. “Gostaríamos de ser tratados com
igualdade em relação a Jordânia e a Israel, gostaríamos de nos beneficiar com
os resultados”.
“Mas antes de tudo isso,
gostaríamos de ter acesso ao Mar Morto, não apenas para conseguir água e nadar no
mar, mas também para construir hotéis e desenvolver atividades turísticas”,
completou Al-Attili.
A riqueza mineral do Mar
Morto é considerada terapêutica e visitantes adoram flutuar na água densa, que
não deixa que a pessoa afunde. Israelenses gerenciam um grande número de hotéis
e praias na região.
Fonte: G1