Divulgado nesta
segunda-feira (9) em São Paulo, o Primeiro Relatório de Avaliação Nacional
elaborado pelo Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) traz conclusões
preocupantes, como a de que a temperatura no Brasil pode aumentar de 3 ºC a
6 ºC até 2100, o que poderia afetar a produção de alimento e de energia no
país. Mas também revela que existem lacunas nas informações sobre impacto
ambiental e mudanças climáticas no país.
Durante a 1ª Conferência
Nacional de Mudanças Climáticas, especialistas do painel observaram que há
poucos dados em relação ao impacto ambiental exercido pelas indústrias no país.
A falta de ferramentas precisas para medir tanto a devastação dos biomas quanto
as mudanças oceânicas em decorrência do aquecimento global também foi
mencionada no evento.
Para Eduardo Assad,
pesquisador da Embrapa e coordenador do grupo de trabalho do PBMC que avaliou
"impactos, vulnerabilidades e adaptação às mudanças climáticas",
faltam dados principalmente em relação aos desastres ambientais provocados pela
atividade industrial.
“O grande problema que
identificamos com o relatório é que não tem um local onde você consiga ter
acesso a essas informações”, diz Assad. Ele afirma que seu grupo de trabalho
esperava que as informações sobre emissão de gases pela indústria pudessem ser
obtidas no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o que
não ocorreu.
“Tem uma lacuna, mas ainda há vários relatórios que precisam ser compilados de uma maneira mais profunda para poder avaliar melhor a emissão da indústria”, acrescenta o pesquisador. Ele acrescenta que iniciativas de redução da emissão de gases de efeito estufa pelas indústrias devem focar na melhoria da eficiência energética, ou seja, na otimização do uso das fontes de energia.
A falta de instrumentos de precisão para medir o impacto das atividades humanas nos biomas brasileiros foi mencionada durante a conferência pela pesquisadora Mercedes Bustamante, diretora do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB) e coordenadora do grupo de trabalho do PBMC que avaliou a questão das "mitigações às mudanças climáticas".
“A Amazônia é, hoje, o único bioma cujo desmatamento é controlado por satélite”, observa Mercedes. Os outros cinco biomas brasileiros – Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa – apesar de sofrerem, proporcionalmente, uma devastação maior do que a Amazônia, não contam com esse tipo de controle de alta precisão.
“Tem uma lacuna, mas ainda há vários relatórios que precisam ser compilados de uma maneira mais profunda para poder avaliar melhor a emissão da indústria”, acrescenta o pesquisador. Ele acrescenta que iniciativas de redução da emissão de gases de efeito estufa pelas indústrias devem focar na melhoria da eficiência energética, ou seja, na otimização do uso das fontes de energia.
A falta de instrumentos de precisão para medir o impacto das atividades humanas nos biomas brasileiros foi mencionada durante a conferência pela pesquisadora Mercedes Bustamante, diretora do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB) e coordenadora do grupo de trabalho do PBMC que avaliou a questão das "mitigações às mudanças climáticas".
“A Amazônia é, hoje, o único bioma cujo desmatamento é controlado por satélite”, observa Mercedes. Os outros cinco biomas brasileiros – Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa – apesar de sofrerem, proporcionalmente, uma devastação maior do que a Amazônia, não contam com esse tipo de controle de alta precisão.
De acordo com o pesquisador
Moacyr Araújo, membro do PBMC e do Laboratório de Oceanografia Física Estuarina
e Costeira (Lofec), também não há no Brasil um sistema de observação mais
consistente para avaliar as características oceânicas que estão sofrendo alterações
devido às mudanças climáticas.
Clima e sociedade
Clima e sociedade
O evento abordou ainda a interação entre as questões climáticas e a sociedade. Para Mercedes, é preciso integrar, cada vez mais, cientistas do clima e cientistas sociais. “Olhando para a questão dos transportes, por exemplo, estamos analisando a emissão de gases, mas também a questão social envolvida”, afirma, mencionando os protestos recentes que ocorreram no país, desencadeados pela precariedade dos transportes.
Os transportes foram
apontados pelos especialistas como um setor que precisa de grandes mudanças com
o objetivo reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Tanto o transporte
dentro das grandes cidades - com o estímulo dos meios coletivos em detrimento
dos veículos individuais -, quanto o transporte de mercadorias pelo país, hoje
prioritariamente rodoviário.
Para os membros do painel,
é preciso estimular alternativas como o transporte aquático, por trens e por
veículos elétricos ou híbridos. De acordo com o pesquisador Emílio La Rovere,
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), medidas do governo como a
redução do IPI dos veículos e o controle do preço da gasolina representam uma
contradição em relação às iniciativas para reduzir as emissões de gases de
efeito estufa.