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terça-feira, 19 de julho de 2016

Um trabalho para mais três séculos



Ainda vão ser necessários 300 anos para conhecermos todas as espécies de árvores existentes na floresta amazônica. Isso se o ritmo de descrições de novas espécies se manter o mesmo registrados desde 1900. A conta foi feita por uma equipe internacional de botânicos, com participação do Museu Paraense Emílio-Goeldi, de Belém, que calcularam também o total de espécies já conhecidas e estimaram o número que ainda não foi descoberta pelos cientistas.

O resultado do estudo foi publicado na revista Scientific Reports, em junho. A mesma equipe já havia estimado que a Amazônia abriga cerca de 16 mil espécies diferentes de árvores. Agora, depois de um levantamento em cerca de 500 mil amostras em diferentes museus, eles concluíram que já foram descritas 11.676 espécies diferentes da árvores amazônicas, ou seja, ainda há muito trabalho a ser feito para descrever todas, ou pelo menos quase todas, que existem.

Nas contas dos pesquisadores ainda existem 4 mil espécies diferentes à espera de ganhar nomes científicos. “Desde 1900, entre cinquenta e duzentas novas árvores são descobertas na Amazônia todos os anos”, conta o ecologista Nigel Pitman, do Field Museum. Para os responsáveis pelo estudo, esse levantamento é importante para pesquisadores que estudam a floresta amazônica.

Para que o trabalho fosse possível, foi necessário digitalizar as coleções que estavam em diferentes museus do mundo. Pitman destaca que o projeto é o casamento de coleções centenárias com novas tecnologias, que tornaram possível compartilhar e agregar todas os dados das coleções. 

“Nós estamos tentando dar às pessoas ferramentas para elas não trabalhem no escuro”, afirma o líder do estudo Hans ter Steege, professor visitante do Museu Emílio Goeldi. “O checklist dá aos cientistas uma noção melhor sobre o que atualmente está crescendo na Bacia Amazônica e que ajuda nos esforços de conservação”, completa. 

De acordo com Nigel Pitman, o Field Museum de Chicago, que participa dos estudos, tem coletado e descrito espécies da Amazônia há mais de um século. “Nós temos cientistas aqui, como Robin Foster, que tem trabalhado na botânica amazônica por décadas”, conta. “Esta nova lista é de certa forma o auge de todo este trabalho”.

Extraído de Oeco
Por Vandré Fonseca