A Polícia
Federal (PF) e o Ibama iniciaram nesta quinta-feira (14/07) a Operação
Hymenaea, com o objetivo de combater grupo criminoso ligado à extração e
comercialização de grandes quantidades de madeira da Terra Indígena (TI) Caru e
da Reserva Biológica (Rebio) do Gurupi, no Maranhão. A retirada ilegal de
madeira das duas unidades de conservação chega a 120 mil m3 por ano, o
equivalente a cerca de 30 mil árvores, segundo estimativa da movimentação nas
serrarias do entorno. Segundo o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano
Evaristo, a operação é resultado da parceria com a PF no Maranhão, que
desarticula mais uma quadrilha do crime organizado, tendo como resultado a
redução da pressão sobre a floresta.
Servidores
da PF e do Ibama, com o apoio de três aeronaves e de explosivistas do Bope de
Brasília e do Rio de Janeiro, cumprem 77 medidas judiciais, sendo 11 mandados
de prisão preventiva, 10 de prisão temporária, 56 de busca e apreensão, além da
suspensão da certificação de 44 empresas madeireiras nas cidades de São Luís,
Imperatriz, Buriticupu, Açailância, Zé Doca, Alto Alegre do Pindaré, Bom
Jardim, Governador Nunes Freire, todas no Maranhão. Mais quatro no Rio Grande
do Norte (Tibau, Mossoró, Parnamirin e Natal) e uma no Ceará: Capuí. As
serrarias e os equipamentos estão sendo destruídos no local. Segundo o
coordenador de Operações de Fiscalização do Ibama, Roberto Cabral, uma ação
mais enérgica, com a destruição das 21 serrarias, é a última e mais adequada
medida, pois várias delas já haviam sido autuadas, embargadas e desmontadas,
mas voltaram a funcionar.
A
organização criminosa atuava extraindo madeira ilegalmente das reservas, que
era esquentada por meio de documentação fraudulenta. Um integrante da quadrilha
era o responsável por emitir documentos destinados a microempresas laranjas
cadastradas como construtoras em pequenas cidades no interior do Rio Grande do
Norte, sendo que o real objetivo da manobra era desviar a madeira para
receptadores em todo o Nordeste.
A
exploração ilegal causa danos ambientais nos últimos remanescentes da floresta
amazônica na região nordestina. De acordo com a PF, o grupo teria movimentado
pelo menos R$ 60 milhões. Segundo Roberto Cabral, a degradação ambiental
causada pelos cortes torna as áreas mais sujeitas a incêndios florestais, como
o que ocorreu em 2015 na TI Araribóia. “Outro dano silencioso é a morte de
animais com a caça ilegal pelos infratores.”
As
autoridades sequestraram mais de R$ 12 milhões de diversas pessoas físicas e jurídicas,
provenientes da lavagem do dinheiro auferido com a extração ilegal da madeira.
Os
investigados responderão por crimes como participação em organização criminosa,
lavagem de capitais, roubo de bens apreendidos, obstar a fiscalização
ambiental, desmatamento na Terra Indígena Caru, desmatamento na Reserva
Biológica do Gurupi, receptação qualificada, ter em depósito produto de origem
vegetal sem licença válida, corrupção ativa, tráfico de influência, dentre
outros.
A TI Caru é
abrigo de tribos indígenas insoladas da etnia Awa. Essas tribos foram
contatadas recentemente e ganharam distinção internacional como uma das últimas
isoladas da região.
A operação
foi batizada de Hymenaea em referência ao gênero de uma das espécies (Jatobá –
hymenaea courbaril) ilegalmente exploradas na Terra Indígena Caru e na Reserva
Biológica do Gurupi.
Operação
Lignum
Em março
deste ano, em conjunto com a PF, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o
Ministério Público Federal (MPF), o Ibama realizou a Operação Lignum (madeira em
latim) para coibir o roubo de madeira de Terras Indígenas e Unidades de
Conservação no Maranhão. A ação resultou na prisão de 11 pessoas e na
desativação de 10 serrarias ilegais, localizadas no entorno das TIs Alto
Turiaçu, Caru e Awá, além da Rebio do Gurupi.
Extraído de
Ibama