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sexta-feira, 15 de julho de 2016

Pesquisa revela a adoção de mais de 11 mil unidades da fossa séptica biodigestora no País

Um levantamento inédito feito Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) revela a adoção de mais de 11 mil unidades da fossa séptica biodigestora no País. Com uma tecnologia simples, desenvolvida por pesquisadores da Embrapa, e voltada ao saneamento básico rural, a fossa foi adotada em mais de 250 municípios brasileiros, nas cinco regiões do Brasil, beneficiando mais de 57 mil pessoas.

O coordenador do levantamento, e engenheiro civil da Embrapa Instrumentação, Carlos Renato Marmo, acredita que a população beneficiada é muito maior, “pois o saneamento básico apresenta impactos não só no campo como também nas cidades, já que as fontes de água e os mananciais estão na zona rural”, afirma.

Ao substituir as fossas negras – forma mais rudimentar de fossa, basicamente um buraco no chão para onde correm os rejeitos das casas, podendo causar contaminação do solo –, essas tecnologias de saneamento protegem a saúde dos moradores do campo geralmente não atendidos por redes de esgoto. Do mesmo modo, elas promovem a proteção ambiental ao evitar que dejetos contaminem solo e corpos d’água.

De acordo com um estudo feito pela pesquisadora da Embrapa, Cinthia Cabral da Costa, e pelo professor da Universidade de São Paulo (USP), Joaquim José Martins Guilhoto, a construção do sistema de saneamento básico proposto pela Embrapa poderia reduzir, anualmente, cerca de 250 mortes e 5,5 milhões de infecções causadas por doenças diarreicas. Eles comprovaram também que a cada R$1,00 investido na adoção dessa tecnologia poderia retornar para a economia R$ 4,69.

A fossa também tem a vantagem de poder ser integrada a outras tecnologias de saneamento de fácil instalação: o clorador Embrapa e o jardim filtrante, este destinado ao tratamento de águas de pias e ralos da casa e do efluente tratado pela própria fossa séptica.

Municípios do Sudeste
Segundo o estudo da Embrapa, a região sudeste concentra o maior número de tecnologias instaladas: 9.445 ou 88,1% do total. Só os estados do Rio de Janeiro e São Paulo instalaram, juntos, 7.847, ou seja, 68,3%. São Paulo, com uma população rural de quase 1,7 milhão de habitantes, é o estado com o maior número de municípios a adotar o sistema de saneamento básico rural. Dos 645 municípios, 63 instalaram 3.760 unidades da Fossa Séptica Biodigestora.

Mas é o Rio de Janeiro o estado que, proporcionalmente, mais adotou a Fossa Séptica Biodigestora. Em 37 municípios, o total instalado foi de 4.087, o que atende a um pouco mais de 3% dos quase 526.000 habitantes da área rural fluminense. No município de Cambuci, 58% da população de 3.535 habitantes adotaram a tecnologia; é o que mais concentra unidades da Fossa Séptica Biodigestora: 409, seguido por São Francisco do Itabapoana com 309 fossas instaladas.

Como funciona
A Fossa Séptica Biodigestora foi desenvolvida pelo médico-veterinário Antonio Pereira de Novaes, falecido em 2011, e segue os princípios dos biodigestores asiáticos e das câmaras de fermentação de ruminantes, como os bovinos.

Assim como no estômago do animal, a tecnologia também é composta de vários tanques de fermentação, onde o esgoto doméstico (fezes e urina) passam pelo tratamento anaeróbio [sem oxigênio], tornando-o apto para uso como fertilizante agrícola a ser aplicado no solo.

A montagem de um conjunto básico da tecnologia, projetado para uma residência com cinco moradores, é feita com três caixas d´água de mil litros (fibrocimento, fibra de vidro, alvenaria, ou outro material que não deforme), tubos, conexões, válvulas e registros. A tubulação do vaso sanitário é desviada para a Fossa Séptica Biodigestora.

As caixas devem ficar semienterradas no solo para que o sistema tenha um isolamento térmico e, assim, não ocorram grandes variações de temperatura. A quantidade de caixas deve aumentar proporcionalmente ao número de pessoas na família. Assim, a ciência conseguiu recriar um ambiente simples, funcional, estético e sustentável, de custo relativamente acessível.

Extraído de Portal Eco Debate
Fonte Portal Brasil