Uma equipe de pesquisadores
do Departamento de Química da Universidade Estadual de Ponta Grossa
(UEPG) conseguiu realizar uma verdadeira alquimia científica com uso de
pilhas comuns usadas. Eles retiraram o cilindro de grafite do interior das
pilhas e produziram o óxido de grafeno, que é a matéria-prima do grafeno, um
material de ponta que tem usos múltiplos na nanotecnologia.
A descoberta foi patenteada
nos órgãos federais e é acompanhada pela Agência de Inovação e Propriedade
Intelectual (AIPI) da UEPG. A intenção dos pesquisadores é vender a tecnologia
para o setor produtivo e assim iniciar a produção em escala comercial do óxido
de grafeno, que pode ser usado na fabricação de sensores e processadores.
Hoje o produto é importado
e de alto custo. Para se ter uma ideia, quatro gramas de óxido de grafeno
importado custam em média R$ 22 mil – o equivalente ao preço de um carro
popular – enquanto que a mesma quantidade do material produzida na UEPG tem um
custo inferior a R$ 10 mil.
Embora pareça pouco, quatro
gramas podem ser complementados a outros tipos de materiais. O óxido de grafeno
possui uma composição química mais resistente e, por isso, garante maior durabilidade
a produtos produzidos à base de aço, como os dutos usados na exploração do
pré-sal, por exemplo.
O material é uma forma de
carbono e um bom condutor de eletricidade. É, por isso, cotado como substituto
do silício, pois tem maior potencial de conduzir eletricidade e perde menos
energia em forma de calor.
O doutorando Fábio Santana
dos Santos, que faz parte da equipe de pesquisadores, conta que entre as várias
metodologias para a produção de óxido de grafeno, os pesquisadores da UEPG usam
o método de esfoliação eletroquímica, cujas ferramentas usadas são uma
combinação de cilindro de grafite, eletrólito, água e corrente elétrica. A
produção de grafeno nos Estados Unidos, por exemplo, usa o processo químico,
que tem custo mais elevado.
O método é tão barato que
para a pesquisa não foi usada nenhuma linha de financiamento diferenciada. “As
pilhas são doadas, a estrutura de laboratório é da UEPG e os reagentes são de
pesquisas parceiras que estão em andamento”, afirma o graduando e pesquisador
Rodolfo Thiago Ferreira. Para a produção de grafeno em sua forma final, no
entanto, a equipe de pesquisadores buscará o apoio de agências de fomento.
Com pesquisas iniciadas na
década de 1940, o grafeno ganhou força no mundo acadêmico nos últimos seis
anos. Em 2010, os pesquisadores russos Andre Geim e Konstantin Novoselov
ganharam o prêmio Nobel de Física com as pesquisas sobre o material.
Fonte:
Gazeta do Povo