O registro de focos de
incêndio no Brasil diminuiu 49% de janeiro até hoje (2), em comparação com o
mesmo período do ano passado, quando houve 78.440 ocorrências. Pelas imagens
captadas por satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), desde
janeiro até esta segunda-feira, foram identificados 39.253 focos de queimadas
no país.
Apesar da redução de 28% em
relação ao ano passado, Mato Grosso é onde houve o maior número de queimadas,
com 8.838 ocorrências em 2013. O Tocantins é o segundo mais afetado, com 4.834
focos de incêndio este ano, com decréscimo de 38% em relação a 2012. Maranhão
registra 4.227 pontos de queimada, 73% a menos que no ano passado, com 15.687
ocorrências. Estado tradicionalmente crítico em relação a queimadas, o Pará
teve 3.210 focos de queimada, uma diminuição de 61% em relação aos 8.393 casos
do mesmo período do ano passado.
O coordenador do
Monitoramento de Queimadas do Inpe, Alberto Setzer, explicou que, este ano, as
condições climáticas estão menos propícias aos incêndios, diferentemente de
2012, que foi mais seco. “A redução de quase 50% dos focos detectados é muito
significativa e isso é particularmente notado em estados onde tradicionalmente
há muitas queimadas como Mato Grosso, Maranhão e Pará. Este ano, o clima está
mais ameno, mais úmido. As chuvas foram mais intensas ou próximas da
normalidade. A maior parte do Brasil Central ficou com a precipitação dentro da
média histórica. Nos anos em que se tem uma estiagem muito prolongada, o uso e
a propagação do fogo também aumentam, o que não é o caso este ano”, disse
Setzer.
Para o pesquisador, as
campanhas de conscientização contra o uso do fogo nas plantações e a
fiscalização mais intensa pelos governos federal e estaduais ajudam a explicar
a diminuição das queimadas. Ele alerta, contudo, que setembro costuma ser um
mês bastante crítico, com tempo mais seco em algumas regiões. Entretanto,
Setzer diz que este ano o país está sob influência do fenômeno La Niña,
caracterizado pelo esfriamento das águas no Oceano Pacífico próximo à costa da
América do Sul, o que deve trazer mais chuvas em setembro.
Os satélites do Inpe
detectaram que em São Paulo, porém, houve crescimento de 19% no número de focos
de incêndio este ano em relação a 2012, não somente pelo tempo mais seco como
pelo aumento do uso do fogo nas áreas rurais para a colheita manual da
cana-de-açúcar. O coordenador do Monitoramento de Queimadas do Inpe também
destacou que estão ocorrendo focos criminosos de incêndio em unidades de
conservação, como na Floresta Nacional do Jamanxim, no Pará, no Parque Nacional
do Araguaia, no Tocantins, e no Parque Nacional do Xingu, em Mato Grosso.
O pesquisador disse que os
apagões são um aspecto negativo do uso do fogo em áreas rurais. “As queimadas
acabam dando um curto-circuito nas linhas de transmissão. Na semana passada,
foi o blecaute no Nordeste. Constatamos muitos focos ao longo daquelas linhas
de transmissão. A segunda causa por trás das interrupções de energia elétrica
decorre das queimadas. A primeira são os raios”, disse Setzer.
A interrupção no
fornecimento de energia que atingiu o Nordeste na quarta-feira (28) foi
provocada pelo desligamento automático de duas linhas de transmissão que
interligam os sistemas Sudeste/Centro-Oeste ao Nordeste, localizadas entre as
subestações Ribeiro Gonçalves e São João do Piauí, no interior do Piauí. No
local, foram identificados focos de queimadas.
Fonte: Agência
Brasil